«Noutras fases da minha vida já me revoltei e sofri com as convulsões sociais. Era a fase em que não acedia a alternativas. Ao combatê-las, não me sentia verdadeiramente a sair delas. Então, parei e houve quem achasse que tivesse desistido, que me tivesse tornado apática. Já eu, sentia-me em busca de algo para o que hoje já há um termo: activismo interior.» Tamar, Portugal Tamar, a poderosa alquimista. Mulher autêntica, leal e corajosa. Socióloga, pelo amor às interacções; especialista em Recursos Humanos, pela procura da igualdade num mecanismo humano pejado de hierarquias desnecessárias; activa e emotiva na luta contra a submissão. A Tamar transmuta-se e a nós com ela. A todos, mas especial e brilhantemente a nós, mulheres. Fundadora de projectos no e para o feminino, sempre sagrado — O Mel da Deusa e Circulário, cujo propósito assenta no autoconhecimento e segue sendo movimento de resgate, cura e relembrança da beleza criadora, nutridora e deleitante das Mulheres. . O Mel da Deusa (www.omeldadeusa.com); . Circulário (www.facebook.com/circulario). De que é feito O Mel da Deusa? O Mel da Deusa é um corpo espesso de conhecimento e experiência que dá o chão para cada pessoa se abrir. É também um corpo flexível de empatia e de intuição que se ajusta ao contexto de cada pessoa. Porque o Mel quer nutrir e enriquecer a experiência de abertura de cada pessoa... a si mesma. E reconhece que é uma substância gerada desde os tempos pré-romanos e católicos onde os valores que agora muitos de nós estão a fazer renascer eram de ligação estreita com a natureza, com a cooperação e respeito pelo papel de cada ser mas com reconhecimento de que no centro estava a mulher e a sua sexualidade, como portadora da vida e da transformação. O poder da vida era exaltado quer no plano humano quer com o recurso a símbolos, sinais e imagens de deusas associados a fertilidade, preservação e ao movimento dinâmico na terra e no cosmos. Actua numa perspectiva individual — consultas, e de grupo — formação, consultadoria, criação de conteúdos, talks. Sobretudo para mulheres e casais, mas a expandir-se para segmentos como os jovens, a comunidade educativa e médica e as artes. E tu, Tamar, quem és? A Tamar é a persona criada para o meu serviço no mundo. A nova relação com a sexualidade passa muito, a meu ver, pela arte, ou seja, integrar os conceitos e as técnicas que promovem consciência e criar a identidade sexual e as vivências pessoais a partir daí com criatividade e com a inteligência do sentir. A técnica deverá ser somente um meio para um fim, fim esse que tem infinitas possibilidades sendo que a mim, nessa parte, apenas cabe inspirar a pessoa para essa descoberta, com auto-confiança e liberdade. Até responder a esta questão, não havia ficado claro o motivo que vou referir a seguir para criar a persona: no meu percurso profissional anterior era a Dra., como que num reforço da componente técnica (limitativa) do meu ser. Neste percurso, a Tamar é o reforço da minha expressão livre e da de cada pessoa (expansiva). Já estou a gostar muito desta entrevista! A consciência da ciclicidade (a feminina e a da natureza) requer observação. A observação requer tempo. Sentes que parte da tua missão é fazer abrandar ritmos para mudar crenças e (pre)conceitos? Não há como fazer diferente. Além de estar mais do que provado, nós sentimos na pele o efeito degenerativo desta hiperaceleração social em que se quer tudo para já, tudo na versão «mastigada», sempre de olho posto na «next big thing» e com a massificação do culto do «muito ocupado»: os quadros de stress crónico, burnout, depressão, crises de ansiedade e de pânico estão a galopar, assim como os distúrbios alimentares e os suicídios (sobretudo nos jovens). Se não isto, a insatisfação que não nos larga. E a apatia, como mecanismo de sobrevivência. Acompanhar pessoas nesta situação faz-me, hoje, valorizar mais o efeito de práticas simples de ligação ao corpo. Porque o corpo é o único elemento de que dispomos para perceber o que é estar no momento presente e, logo, aquele que nos permite sair do círculo vicioso dos pensamentos e energia da mente que alterna entre passado e futuro e que, assim, traz e alimenta as somatizações citadas. É o que nos permite relembrar e sentir as flutuações naturais de um corpo saudável: agora vitalizado, depois cansado, agora com fome, depois com sono. Quando este sentir se torna a nossa bússula, deixamos de estar dependentes de receitas e dietas prescritas por alguém. Quando este sentir está desperto, não há como não o escutar e, quando não seguimos, até passa a doer mais (o que para mim é a maior motivação para voltar ao eixo do alinhamento com ele). Se a pessoa chega a mim sem ter experienciado previamente técnicas contemplativas, como o mindfulness ou de movimentação da energia, como o yoga, pode ser tortura e sem sentido ficar focada na respiração e nas sensações do corpo durante 10 minutos, por exemplo. Então, fica 5 minutos, 3 minutos, não interessa, mas deverá ficar. Porque só ao ficar descobre a frequência de Kairos, termo grego para o tempo não linear, aquele que não se pode determinar ou medir e que rompe com a noção de que há apenas uma ocasião certa para determinada coisa. O tempo não linear é o nosso compasso pessoal (é onde está a nossa verdade e, logo, é daqui que podemos definir os conceitos e limites pessoais) e deverá ser prioritário face ao determinismo do tempo cronológico (onde estão as normas e (pre)conceitos sociais). Essa é a minha função: em vez de atirar à pessoa os meus conceitos e os meus «achismos», acompanhá-la na exploração, questioná-la, criar cenários com ela, sempre com rapport do corpo: como se sente ou o que te diz o corpo com esta frase ou atitude? Para depois lhe dar técnicas de auto-regulação. Porque para o bem ou para o mal, o mundo não nos faz sempre as vontades e nem nós mesmos conseguimos andar sempre alinhados. De início, parece forçado, impositivo, disciplinado demais. Há que treinar enquanto estamos na transição. Neste momento, não sinto que leve mais tempo, está integrado, vai comigo para toda a parte, não descansa, está musculado e, portanto, é rápido. E tem qualidade. Que é o bem-estar interior e a harmonia à volta. Mas, ainda assim, sobretudo em momentos de muitos compromissos, os dias de menstruação (uma expressão maior da ciclicidade), por exemplo, são sentidos como uma maçada, um inconveniente porque trazem uma necessidade directa de pausa e de silêncio, um estar em contra-ciclo. «Como assim em contra-ciclo se esta é a minha natureza agora, é a manifestação de um corpo saudável?! Crença antiga, vou largar-te.» é o tipo de diálogo interno que tenho de mim para mim. O teu projecto Circulário é uma fonte de conhecimento partilhada. Que sentes que recebes? O Circulário, sendo um sistema de desenvolvimento pessoal feminino, baseia-se na noção de soberania do corpo. Que varia de mulher para mulher, a cada mês e a cada fase de vida. Que incentiva — fornecendo recursos e técnicas — a escuta da sua linguagem, a confiança nas decisões informadas e em si mesma. Que educa e esclarece que o feminino não é flutuante e descontrolado, tem um padrão cíclico mensal, muito baseado no sistema hormonal, sendo a compreensão e integração desse padrão a chave para a saúde e bem-estar integral. Após 10 anos de observação íntima e pessoal dos meus próprios ciclos e de avaliação tão positiva do que isso me trouxe, poder agora beber de uma comunidade de mais de mil mulheres (isto nas redes sociais) focadas no registo dos seus ciclos, que confiam em mim para partilhar as suas descobertas, desafios, fragilidades, medos desbravados com coragem, vale mais do que todos os livros que estudei, porque acrescenta valor humano — pessoal e único — ao mesmo tempo que (geralmente) confirma os padrões que servem de base a quem se dedica à consciência de ciclo e à literacia corporal. Sinto-me qual biblioteca de Alexandria, rica, vasta e, simultaneamente, uma das suas leitoras ávidas que, a cada vez, sai de lá maior. Mas o que mais gosto de receber é mesmo a liberdade para ser eu, mulher, além da profissional, e ambas sermos igualmente respeitadas e acarinhadas. Não acredito na espiritualidade feminina baseada em grã-sacerdotisas e seguidoras, nem nos beija-mãos de via única. Acredito na horizontalidade, em que cada uma pode ser tanto de mulher (im)perfeita, como de sábia. Acredito que, cada uma a ser a personificação das suas verdades, é exemplo natural, é inspiração pura. Recebo-a em grande quantidade e qualidade. E, com isto, estas mulheres dão-me também a confirmação de que não vislumbro outro caminho de vida melhor do que este. A transformação necessária para que vivamos num mundo mais pacífico e justo começa pelo autoconhecimento. É essa a base do teu trabalho junto das mulheres? É a base e um trabalho em progresso porque contacto com as armadilhas de se achar que, por já dominar várias técnicas, conhecemo-nos. É e será sempre um conhecimento face a um contexto interior e exterior. Acresce que a vida é um mistério a honrar, é estúpido e arrogante julgarmos que a vamos entender (controlar) totalmente só pelo facto de termos reunido um conjunto de ferramentas de desenvolvimento. Interessa-me, por isso, o autoconhecimento através de recursos contemplativos e activos (meditação, mindfulness, bodywork, entre outros) e de enquadramento histórico com análise da contemporaneidade. É a minha forma de servir uma das expressões que me guia: «somos uma gota do oceano e o oceano em si». É o que me garante que pode haver transformação pessoal enraizada numa base coerente e consistente, a que está sempre a devolver-nos as perguntas de ouro: «de onde vens, quem és, para onde vais»? Um dos paradoxos mais engraçados destes tempos é a venda de receitas mágicas e de soluções finais vindas de parte da comunidade do desenvolvimento pessoal e holística. Para a mulher, isto pode ser especialmente perigoso porque a mantém no círculo vicioso de que só alguém externo a ela é que a salva ou que a faz sentir-se merecedora. Ao trazer a história do feminino na vida pública e privada, a mulher pode perceber se as suas crenças limitativas e as suas inseguranças vêm de séculos de desincentivo e opressão do seu sentido crítico, da tomada de decisão e de expressão de opinião. Ao trazer uma noção mais alargada do aspecto feminino presente em mulheres, homens e na natureza (a energia em tudo o que tem ânimo neste planeta tem polaridade feminina e masculina), a mulher pode perceber que tudo é (re)criação num sistema interligado e que o papel de cada um realmente contribui para a manutenção e evolução do todo e que cabe ao feminino entregar-se a essas ondas cíclicas de transformação e renovação e não o de se moldar e conformar com a linearidade e estabilidade. Para que ela possa definir o que realmente é pacífico e justo. Para si e para o mundo. Autoconhecimento, por seu turno, é poder. Vivemos, sinto, um período de convulsão. Seguir-se-á a mudança? Em que moldes? E que fazer com as marcas, dores e desinformação dos séculos de reinado do patriacado? Noutras fases da minha vida já me revoltei e sofri com as convulsões sociais. Era a fase em que não acedia a alternativas. Ao combatê-las, não me sentia verdadeiramente a sair delas. Então, parei e houve quem achasse que tivesse desistido, que me tivesse tornado apática. Já eu, sentia-me em busca de algo para o que hoje já há um termo: activismo interior. Com isto, justifico porque acredito que a mudança já está aí. Existem novos e variados conceitos para a realidade que está a ser criada e isso é já o corpo conceptual que consubstancia, ao mesmo tempo que agrega e estrutura aqueles que buscam estes termos para a sua vivência pessoal e para a sua acção profissional, para disseminar o seu contributo pessoal. Isso é muito poderoso. Exemplo: assim sai-se da lógica do «combater a competição» para a lógica do «estar em cooperação». A motivação terá de vir de dentro, é um acto de fé, porque quando se combate, sabemos o rosto do inimigo e de onde ele vem. Quando se constrói, só conhecemos a visão e para onde estamos a ir: o futuro que ainda não existe. Os últimos milénios foram feitos de patriarcado e, de todo, considero que foram absolutamente nefastos ou em que os carrascos foram os homens. O patriarcado foi uma mentalidade que contaminou a todos e que todos permitimos porque trouxe um progresso desconhecido até aqui: uma escravidão mascarada de mais liberdade, um paternalismo aparentemente mais benévolo, a ciência e a tecnologia como solução e o corpo e a intuição como subordinação; a cabeça como salvação e a emoção como perdição; o poder baseado em aspectos perenes como o dinheiro (que é uma fabricação) e a força física (basta uma doença ou a idade para a perder). Antes disso, há evidências robustas de uma sociedade mais cooperante, igualitária, justa, criativa e integrada com a natureza que justifica deixar de se chamar a estes povos dos finais do Paleolítico e do Neolítico de «primitivos» (baseados puramente nos instintos) para ligá-los à inteligência dos ciclos da natureza/vida/feminino e ao estabelecimento de valores e atitudes que os perservassem. Os moldes da mudança são absolutamente (r)evolucionários: a integração da tecnologia com a humanidade, da lógica com o sentir e a do igual respeito pelo individual e pelo colectivo. O que a história nos mostra é que sempre que uma civilização chegou a este limiar... destruiu-se. Como diz o conceituado autor Charles Eisenstein: não é com o planeta que temos de nos preocupar. O planeta sobrevive. Nós é que não. Daí a minha auto-motivação pelo activismo interior que não é uma prática solitária ou egocêntrica, é o que dá robustez à tal agregação com os que estão na mesma plataforma de consciência que nós, porque nos aproxima e une sem perdermos o rasto de quem somos e da força pessoal. As marcas, depois de cada um curar aquelas que mais o afligem, devem servir de aprendizagem e de constante lembrete... sempre que quisermos verdades absolutas, líderes a quem entregar o nosso poder, ganhar algo em detrimento de outros, menosprezar que continuamos animais feitos para sobreviver e humanos que podem construir (finalmente) a sociedade que patrocina a vida. A inteligência erótica, enquanto parte de uma sexualidade consciente, é cada vez mais falada, estudada e posta em prática. Sim? Por quem? E porquê? A inteligência erótica é algo de que os artistas sempre falaram, aliás, toda a sua obra vem da ligação a essa frequência. Só que muitos deles não souberam lidar com a proposta inerente de Eros: o mergulho no mistério como caldo criativo, e perderam-se (alienando-se) no caos. É algo que sempre esteve presente, como factor de preservação da espécie, na ligação entre mãe e filho, ao fazer crucial o toque, o cheiro, o olhar, a audição da mãe para os estádios iniciais de desenvolvimento da criança. Devido à desconexão com a natureza (tão erótica, sobretudo na primavera) e ao tabu imposto pela religião à sexualidade, perdeu-se o reconhecimento dessa inteligência. Tudo aquilo que se reprime, cresce na sombra e a pornografia e os crimes sexuais são o exemplo não só da pobreza a que se ficou reduzido, como aos malefícios da negação. Então, sim, quem trabalha na sexualidade consciente reacende este tema, educa para o seu valor e embodiment e o mais maravilhoso é que a neurociência e a física quântica também a defendem. Chamam-lhe é apreciação ou estados de consciência subtis, o que são descrições do que o corpo erótico desperto suscita. O lado sexual da mulher, sobretudo, ganha muito com o seu lado erótico alimentado. Isso faz-se desde dentro — ligação às suas sensações e à abertura do seu coração — e para fora — impactando e ser impactada pelo mundo e dando e recebendo inspiração. Assim, esbatem-se os limites impostos do estilo «o desejo é só para o meu homem», «sexo é só carnal», «sexo é a relação sexual» e cada pessoa define que tipos de relação (com níveis de aproximação e intimidade distintos) quer estabelecer. Destaco a psicoterapeuta Esther Perel, pois nos últimos anos focou o seu trabalho na educação para o erotismo e tem uma vasta panóplia de recursos gratuitos na internet (website, youtube, podcast e afins) e é uma das minhas maiores inspirações. Na sexualidade consciente, a energia sexual é entendida como energia de criação e este é mesmo um dos seus pilares para poder-se abrir-se o campo ao erotismo que é o aspecto da sexualidade que mais desapareceu. A inteligência erótica é aquilo que nos faz saber entrar em ligação, entender o que nos move, apela, inspira. É o que nos faz reconhecer a beleza em nós, nos outros e à nossa volta. É dela, em minha opinião, que brota também a empatia e a compaixão. Capacidades que normalmente não se associam a sexualidade. Mas que têm tanto a ver, quando encaramos a sexualidade transversalmente, quando o foco é a sua qualidade e o reconhecimento do seu potencial enquanto recurso de auto-conhecimento, de cura, de crescimento e de relações saudáveis. Ser-se Mulher e Livre em Portugal (ou no mundo) é ainda um paradoxo? Em Portugal, definitivamente. Nos continentes em desenvolvimento, muito mais, infelizmente. Os países nórdicos mostram-nos o caminho. As desigualdades salariais, o desequilíbrio na conciliação da vida profissional e doméstica e de lazer, a justiça e a medicina sexistas são muros de betão armado. Até no comércio: os artigos de recolha do sangue menstrual (para não falar dos outros como lâminas de depilação e de higiene íntima) têm a taxa máxima de impostos e isso traz uma vulnerabilidade muito pouco digna às meninas e mulheres em situação de pobreza: usarem folhas de jornais, faltarem à escola... É mesmo necessário questionar-se isto. Porque nem na lógica de mercado faz sentido, pois são bens essenciais. É mesmo necessário uma acção concertada entre agir para a mudança social e agir para a transformação pessoal. Nem todos podem dedicar-se à causa pública, mas todos devem fazer o trabalho interior, porque senão nenhuma das mudanças terá a sustentação necessária para manter o espaço inclusivo quando os muros cairem. E a nível pessoal há tanto a fazer! Na esfera privada, a discriminação de género é passada como lei de geração em geração. Ainda no outro dia uma cliente do norte, com cerca de 30 anos, me contava que é norma nos almoços da sua família os homens não só serem servidos primeiro como as mulheres nem se sentarem à mesa, quanto mais comerem, enquanto eles não tiverem acabado a refeição (ou então comem, mas em pé). Atenção: se isto for feito num contexto de dádiva, de servir desde o coração, claro que deve haver a liberdade para estes gestos. A questão é que é uma tradição que ninguém questiona, pois assume-se que a mulher não tem os mesmos direitos e, muito menos, prioridade, a não ser quando está grávida ou com uma criança ao colo, o que é o espelho da sua confinação à função reprodutora e ao tabu que é a menopausa e o envelhecimento da mulher, assim como a escolha consciente de não ter filhos. Outras que querem mudar para o método natural de fertilidade, comprovadamente seguro se seguido com atenção diária (tem a mesma taxa de eficácia da pílula, se tomada com atenção diária, com a vantagem de estar isento de hormonas artificiais) têm de lidar com a recusa dos parceiros em usar o preservativo (que além de prevenir a fecundação, previne as doenças sexualmente transmissíveis) nos dias em que estão férteis ou em ter relações sexuais que não envolvam a penetração. Outras que se sentem sozinhas na educação para a igualdade dos filhos e assistem impotentes à transmissão dos clichés tão violentos e perversos do «não sejas maricas, um menino não chora», «uma menina fecha as pernas», «uma menina primeiro estuda, depois é que liga a rapazes». És livre, Tamar? Bom, face ao estado das coisas, não há dia em que eu não seja consciente dos meus privilégios: quer os inerentes à condição de etnia e social em que nasci e fui criada, quer aqueles conquistados graças à preservação do meu espírito crítico, do meu sentido de responsabilidade por me rodear de pessoas e de informação inclusiva e esclarecida. Pago todos os dias um preço por isso, mas não me sinto vítima porque, na verdade, concebo apenas a liberdade com responsabilidade. Quanto mais livres, mais sujeitos estamos a resultados... livres (no sentido de não expectáveis, conhecidos, reconhecidos socialmente). Mais energia é preciso convocar para fazer as coisas acontecer (quanto mais presos estamos, mais julgamos que isto é sorte). E, por isso, não há dia em que também não seja consciente das minhas prisões (crenças e hábitos, assim como legislação e outros códigos político-sociais). http://www.omeldadeusa.com/ https://www.facebook.com/circulario/ Comments are closed.
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