«É uma oportunidade de interagir com um grupo de pessoas de quem sei muito pouco e de descobrir quem são, o que me permite sempre compreender-me muito melhor.» Lee Hart, Reino Unido Lee Jones trabalha como actor profissional há mais de 20 anos e, como encenador, desde 2007. Em Setembro de 2014, começou uma residência de encenação de dois anos no Theatre Royal Plymouth, no Reino Unido, e iniciou, em 2016, um projecto desafiante que envolve veteranos das forças armadas britânicas.
O Theatre Royal Plymouth associou-se à Companhia Bravo 22, o programa de Recuperação através do Teatro da Royal British Legion (http://www.britishlegion.org.uk/can-we-help/other-ways-we-help/bravo-22-company), com o intuito de criar um espectáculo teatral baseado nas vidas e experiências de ex-membros das forças armadas britânicas, promovendo assim a sua recuperação e consequente transição para a vida pós-exército. Durante um ano, Lee trabalhou com um grupo de cerca de 20 veteranos que estavam feridos ou doentes, sofrendo de lesões físicas ou emocionais/psíquicas (transtorno de stress pós-traumático). No entanto, todos eles estavam empenhados em participar neste projecto significativo e, em certa medida, terapêutico (que incluiu familiares - esposas, companheiras/os e filhos), assumindo diversas funções técnicas e/ou artísticas, e que resultou numa série de apresentações. Os participantes foram escolhidos segundo as suas necessidades. Foi dada prioridade a elementos com maior dificuldade na transição para a vida civil, ou com necessidade de desafios ou de adquirir certas aptidões, e também aos que mais necessitavam de ajuda na integração na comunidade. Lee Hart acredita que todos ganham no processo de criação teatral: desde qualificações transferíveis ao aumento da confiança, não esquecendo as competências comunicacionais, a capacidade de resolução de problemas de forma prática e criativa, e a identificação e gestão das emoções. Contudo, o mais importante é o aperfeiçoamento da competência de reagir genuinamente a situações e relações em constante mudança - a capacidade de adaptação é de extrema importância para qualquer indivíduo, veterano ou não, uma vez que implica aceitação e a possibilidade de florescer. O objectivo do projecto é fornecer assistência à reabilitação dos participantes, ajudando-os na transição para a vida depois do exército já que, infelizmente, os governos costumam ser convenientemente negligentes no que respeita a estes homens e mulheres que tanto deram ao seu país, descartando-os sem apoio ou soluções satisfatórias e saudáveis para o futuro. Algumas semanas após o início do trabalho conjunto, Lee afirma que os veteranos se mostraram surpresos com a rapidez com que o processo os abriu relativamente aos outros, permitindo uma maior disponibilidade para continuar a evoluir, enquanto se redescobriam a si e aos outros, e criando, também, fortes laços de amizade. Alguns deles começaram logo o processo de abordar experiências dolorosas e todos acreditam que esta intensa experiência os ajudou verdadeiramente. A arte tem muitos propósitos e este, muito válido e nobre, é um deles. Comments are closed.
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